sexta-feira, 21 de março de 2008

Sem Sentido


Chegou a sua casa um pouco mais tarde que o horário de costume. Sua expressão abalada era conseqüência das reflexões durante o longo caminho do emprego até lá. Primeiro ligou a tv e abaixou totalmente o volume. Logo depois ligou o som e colocou um cd do Led Zeppelin no último volume. Acendeu um cigarro, pegou um cinzeiro e assentou-se.

Não sentia mais nada, pois o mundo estava menor ali. Não sabia que nesse mesmo instante um terremoto destruía o mundo. A terra tremia, mas ele não sentia, estava concentrado na fuga de suas reflexões. Não havia mais tv, não havia mais Led Zeppelin, mas ele estava distante demais pra perceber. Sua casa desabava, até mesmo atingindo-o, mas ele não sentia. Dentro do seu mundo o que havia era um grande branco contornando as verdades e mentiras que o abalavam. Os destroços ao seu redor não tinham sentido e se identificavam com ele. Isso justificava a sua vida enquanto todos daquele mundo já haviam morrido.

Quando já havia dado a volta em sua mente, despertou. Já não havia mais terremoto, somente os destroços, que já o tinham como amigo. Abriu os olhos, e viu um imenso nada.
Disse:
- Agora todo o meu egocentrismo faz sentido.
E então sorriu.

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