sexta-feira, 21 de março de 2008

Amigo de Imaginância


Volta a solidão, volta a imaginação.

Um Homem de cabelos longos e atrapalhados, trajando um macacão jeans desbotado, está sentado numa cadeira junto a uma mesa de madeira. No fundo, ouve-se a trilha do tédio, o barulho das gotas de uma torneira mal fechada, quando o homem finalmente dá sinal de vida. Ele se levanta, pega um envelope, uma caneta e uma folha de papel, coloca a mão sobre o rosto e começa a escrever:

Caro amigo;
Veio à saudade bater junto ao peito, depois de exatos 40 anos que não nos vemos.
Nossa amizade de infância foi algo que realmente marcou minha vida. Soube que ainda mora na mesma casa em que passei divertidos momentos com você, estou te mandando essa carta para avisar que te farei uma visita.
De seu amigo de infância, eternamente,
Thedy.

Ao terminar de escrever a carta o homem preenche corretamente os espaços do envelope e coloca a suposta carta dentro do envelope, cola o envelope com sua saliva e levanta, então ele abre a porta de casa, pára, e observa sua própria caixa de correios com a estranheza de quem nunca havia visto está, ele caminha em direção, abre a caixa, coloca o envelope dentro e fecha a caixa, volta para sua casa, deita em sua cama e dorme.

Na manhã seguinte, o homem levanta, abre um sorriso e sai da sua casa em direção a caixa de correios, ele abre a caixa e com a estranheza de quem nunca havia visto aquele envelope, o retira de lá com um sorriso no rosto. Ele carrega o envelope para dentro da casa, senta em sua cadeira, rasga o envelope, retira a carta e coloca o envelope sobre a mesa de madeira. O homem lê a carta com a estranheza de quem nunca havia lido tais palavras e então abre um imenso sorriso no rosto. Ele recoloca a carta dentro do envelope e coloca o envelope dentro de uma gaveta, senta de novo na cadeira e olha para cima, então ele bate com sua mão fechada debaixo da mesa de madeira simulando batidas em uma porta de madeira: “toc toc toc” e grita:
- Já vaaaai!
O homem levanta, abre a porta e abre lentamente outra vez o seu sorriso como se não acreditasse no que vê e diz:
-Não acredito que é você, Thedy!
Lá fora não se vê nada e então o rapaz abraça esse mesmo nada e convida esse mesmo nada para entrar:
-Entre, Thedy, Entre!

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