quarta-feira, 2 de abril de 2008

O Não as Cores das Flores




- Acorde... Acorde... Acorde.
- Não quero. Não posso.
- O que se passa?
- Não se passa, e é por isso que não quero.
- Não vê que as flores podem perder a cor lá fora?
- Não me importo. Se eu mesmo já não tenho cor, o que me importa se as flores tenham ou não?
- Não sabe o que esta dizendo. Não há nada mais triste no mundo que flores sem cor.
- Não vou estar lá para ver e não me importo com quem esteja.
- E essa agonia que toma seu peito? Diga-me então se é verdadeira.
- Uma verdade superável enquanto eu não acordo.

(...)

- Acooorde... Acooorde.... Acooorde!
- Não.
- Faltam poucos minutos pra que a cor vá embora. E como fica o surreal? E como fica o surreal?
- Vai sumir e voltar a ser surreal, até que alguém descubra mais uma vez o que é surreal e transforme de novo o surreal em real.
- Te falta consciência, rapaz. Não sabe das conseqüências quanto a essa sua atitude descabida?
- Sei sim. Mas não saberei mais. Deixe-me com o meu sono e se foda.
- Não. Você precisa ajudar.
- Não gaste tempo persistindo. Anuncio então minha partida.


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Hoje percebi que carregarei uma dor por alguns dias, meses ou anos. Não posso prever.
E que por mais que eu peça ajuda, ninguém poderá me ajudar.
Só o tempo e o vento podem evacuar esse espaço cheio de saudade, raiva e afeição que condensados formam tanta dor.

Um comentário:

May disse...

Mas ficou incompleto mesmo, o problema não é sua maneira de ver. Do contrário, sua maneira de ver sempre é a mais bela, tal qual os seus escritos e suas dores. Sempre tão belos!
Mas não se afogue nas dores. Elas matam mais do que cicuta. :)


:**