sexta-feira, 27 de junho de 2008

Quando o adeus é adeus




Maria Alice aguardava-o ansiosa. Mas não por vê-lo e sim pela resolução daquilo que já havia se tornado claro e insuportável.
Ao contrário de outras vezes onde haviam combinado de se encontrar, dessa vez ela se adiantou.
Pedro chegou simples e elegante, com sua camisa social bem passada, sua calça jeans adaptada, seu sapato preto singelo e seus cabelos lisos bem penteados. Já Maria Alice, sequer havia se dado ao trabalho de passar um batom de tanta ansiedade.
Ao avistar a mesa onde se encontrava Maria Alice, Pedro demonstrou surpresa, mas ao mesmo tempo felicidade com a presença antecipada da moça.
- Meu amor, parece que hoje você acertou o relógio, não é?! – disse em tom de brincadeira.
- É. – disse ela friamente.
- Pois então – ele disse – qual o assunto inadiável que você tinha para abordar?
- Bom, é que... Não sei por onde começar.
- Tenho uma dica, comece pelo começo.
As piadas sem graça de Pedro naquele momento faziam com que Maria Alice pensasse que se tivesse ali um revolver atiraria sem receio. Mas de certa forma a irritação que a piada causou foi um empurrão para que ela, mesmo sem revolver, pudesse atirar.
- Pedro, eu não te amo!
Pedro ficou em silêncio, abaixou a cabeça e ao levantá-la havia se transformado totalmente. Toda sua singela elegância desapareceu, seus cabelos bem penteados se rebelaram e seus olhos ficaram vermelhos.
- Mas ontem mesmo você me disse o contrário!
- Eu não me compreendia.
- E se baseava em incertezas para falar de sentimentos comigo?
- Minhas palavras eram sinceras mesmo enquanto mentiras.
- Não compreendo.
- Fui enganada por mim tanto quanto você foi.
- Não sobra nada do que havia me dito?
- Eu me enganei, usei você como apoio para a dor que eu sentia de um amor que é realmente verdadeiro.
Pedro começa a se alterar assustando as mesas ao lado.
- Eu exijo que me ame!
- Essas coisas não se exigem, se cativam.
- Então como eu fico?
- Não fique, vá.
- O que você esta fazendo é cruel, esta me destroçando.
- Não sinto pena, parece egoísta e cruel e é um pouco dos dois.
Pedro levantou-se revoltado e partiu.
Depois disso, nunca mais Pedro viu Maria Alice e nunca mais Maria Alice viu Pedro, ou pelo menos fingiram não se ver.

2 comentários:

May disse...

Nossa.
Que despedida!
Entendo perfeitamente, e acho que não conseguiria ser tão fria.
Os sentimentos que você expressou são muito reais, muito tangíveis!
Adorei. :)
:**

Nanda disse...

Para quem procura algo que faz chorar. haha
Apesar de triste, belo e sincero. *-*